Pesquisadores paranaenses buscam apoio econômico para iniciar aplicação clínica de células-tronco no tratamento da síndrome respiratória aguda grave
As consequências do novo coronavírus têm acelerado a busca por soluções para salvar vidas e resgatar a “normalidade” no mundo. Uma dessas inovações pode vir por meio de pesquisadores da Universidade Positivo, que há 12 anos desenvolvem projetos com células-tronco. Além disso, os pesquisadores também trabalham na sensibilização dos órgãos competentes por uma legislação que regulamente tais tratamentos no país.
Centro de Processamento Celular
O projeto para o tratamento da Covid-19 desenvolvido pelo Centro de Processamento Celular (CPC) da Curityba Biotech, dentro da Universidade Positivo, contempla uma proposta inovadora: “Células-tronco mesenquimais de origem odontológica (MSC-DS) no tratamento de pacientes com insuficiência respiratória aguda grave relacionada ou não à Covid-19″. O projeto já está aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). “Esse estudo representa um salto muito grande na aplicação de terapias celulares do Brasil. A Legislação de Terapia Celular Avançada no país tem se consolidado graças a um esforço da ANVISA, de suas câmaras de assessoramento técnico e pesquisadores de todo o país”, afirma a professora da UP e diretora administrativa da Curityba Biotech, Dra. Moira Leão, que participa ativamente da construção desta legislação, desde o seu início, em 2009. “Quando iniciamos a montagem do nosso CPC, a regulamentação na área ainda estava em processo de elaboração”, recorda.
“Nosso intuito sempre foi o de prestar um serviço de qualidade e seriedade, por isso só começamos a oferecer o serviço de processamento e armazenamento para particulares após haver o devido respaldo legal”, acrescenta o professor da Universidade Positivo e diretor técnico da Curityba Biotech, Dr. João Zielak. “Acreditamos nesta terapia e no avanço da saúde para o país, entregando esse tipo de solução. E agora é o momento, uma vez que no caso de insuficiência respiratória aguda grave, as células-tronco podem atuar no combate à inflamação e na recuperação das lesões”, aponta Zielak.
Moira admite que o custo da pesquisa com células-tronco ainda é elevado, mas o tratamento é viável. “O custo final de uma terapia celular por indivíduo deve se estabilizar próximo ao custo de tratamentos complexos, como de uma quimioterapia, por exemplo. Portanto, haverá casos nos quais o custo-benefício das terapias celulares indicará se a modalidade terapêutica será viável, focando na cura do indivíduo, além da diminuição das sequelas”, afirma Moira.
Dupla ação para a cura da Covid-19
As múltiplas potencialidades das células-tronco permitem que o organismo reequilibre a capacidade das respostas imunológicas. “O vírus SARS-CoV2 induz à produção de uma tempestade de citocinas pelo organismo infectado. Tais citocinas podem danificar órgãos vitais e levar a danos irreversíveis, principalmente nos pulmões”, comenta Moira. “Mas as células-tronco podem neutralizar a ação destas citocinas, atuando como um medicamento biológico, adaptando-se às necessidades do paciente”, explica.
“Células-tronco mesenquimais produzem substâncias anti-inflamatórias potentes, naturais, e ainda podem se transformar e substituir as células locais afetadas pela doença. Quando presentes na corrente sanguínea, as células-tronco recebem os sinais químicos da inflamação e são atraídas para o local afetado, auxiliando no reparo das lesões. No caso da Covid-19, há fortes indícios de que as células-tronco podem recuperar os alvéolos pulmonares”, diz Zielak.
O projeto aprovado prevê que os pacientes recebam o tratamento de suporte padrão para a Covid-19 – e um dos grupos de pacientes recrutados para o estudo receberá as células-tronco de doadores saudáveis. Serão selecionados jovens com indicação clínica para remoção de seus dentes do siso como fonte para obtenção das células-tronco mesenquimais.
Além de buscar salvar vidas, a Curityba Biotech objetiva abrir uma linha de pesquisa para complementar o tratamento de doenças graves e prevenir as sequelas. O projeto, orçado em 2 milhões de reais, compreende a inclusão de 30 pacientes que apresentem a síndrome aguda respiratória grave. E, breve, o projeto será encaminhado para anuência da Anvisa, ao mesmo tempo que busca parcerias para o financiamento. “Isso está no DNA do empreendimento”, adiciona Moira.
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